Confira os prazos para saque de dinheiro esquecido em contas bancárias e instituições financeiras.

De acordo com o Banco Central, mais de R$ 8,5 bilhões estão disponíveis para resgate por pessoas físicas e jurídicas.

A seguir, você vai entender como funcionam os prazos, o que ocorre se o resgate não for realizado, como evitar perder o direito aos valores e os passos para solicitar o dinheiro esquecido de forma eficiente.

O que é o prazo de saque para dinheiro esquecido?

O prazo de saque para dinheiro esquecido é o tempo que o titular tem para realizar o resgate de valores acumulados em contas bancárias, consórcios ou outras instituições financeiras.

Esses valores, chamados de “esquecidos,” são recursos que, por diversos motivos, não foram movimentados ou retirados pelos titulares.

Em outubro de 2024, o governo ampliou o prazo para saque desses valores em seis meses adicionais, após o encerramento do período inicial em 16 de outubro.

Nesse intervalo, um edital será publicado pelo Ministério da Fazenda, contendo detalhes sobre os valores disponíveis, instituições financeiras responsáveis e as etapas para requerer os recursos.

Esse prazo adicional é fundamental, pois muitos brasileiros não conseguiram realizar o resgate dentro do prazo inicial devido à falta de informações ou dificuldades com o acesso ao sistema.

Prazo para Sacar Dinheiro Esquecido nos Bancos

O que acontece se o dinheiro esquecido não for sacado no prazo?

Quando os valores não são resgatados dentro do prazo estabelecido, o governo segue um procedimento claro para tratar esses recursos.

Transferência para a União

Os valores não sacados são recolhidos pelo Tesouro Nacional e incorporados à Conta Única do Tesouro.

Essa medida está prevista na Lei 2.313 de 1954, que regula o destino de recursos financeiros esquecidos em instituições financeiras.

Mesmo após a transferência, os titulares ainda têm o direito de contestar ou requerer os valores.

Prazo final: 25 anos

Os titulares têm um prazo de 25 anos para reivindicar judicialmente o dinheiro transferido ao Tesouro Nacional.

Após esse período, o valor passa a ser definitivamente incorporado pela União e não poderá mais ser recuperado.

Uso dos recursos pelo governo

Esses valores, uma vez recolhidos pela União, são utilizados para políticas públicas e projetos de interesse coletivo.

Atualmente, parte desse montante está sendo direcionada para compensar a prorrogação da desoneração da folha de pagamento de setores estratégicos da economia.

Como funciona o processo de resgate do dinheiro esquecido?

Resgatar o dinheiro esquecido é um processo simples, mas exige atenção às etapas e prazos.

O principal canal para o resgate é o Sistema de Valores a Receber (SVR), gerido pelo Banco Central, que permite a consulta de valores e facilita o contato com as instituições responsáveis pelo pagamento.

Passo a passo detalhado

  1. Acesse o site oficial do SVR
    O único site autorizado para consulta e resgate é o valoresareceber.bcb.gov.br.
  2. Faça login na conta gov.br
    Para acessar o sistema, é necessário ter uma conta gov.br com nível de segurança prata ou ouro. Se a conta ainda for do tipo bronze, o usuário deve atualizar o nível no próprio site gov.br antes de prosseguir.
  3. Consulte os valores disponíveis
    No sistema, você verá as seguintes informações:

    • O montante disponível para saque.
    • A instituição financeira responsável.
    • A origem do recurso (como contas bancárias encerradas ou tarifas cobradas indevidamente).
  4. Escolha a forma de resgate
    • Por Pix: É a forma mais rápida, com transferência em até 12 dias úteis.
    • Por meio da instituição financeira: Entre em contato com a instituição para definir a forma de transferência, como TED ou DOC.
  5. Acompanhe o protocolo
    Guarde o número do protocolo gerado pelo sistema. Ele será útil caso seja necessário contestar algum problema ou acompanhar o andamento do resgate.

Qual é o prazo adicional para saque?

Após a publicação do edital pelo Ministério da Fazenda, o governo estabeleceu dois prazos distintos para o resgate de valores:

  1. Prazo inicial de 30 dias
    Durante o primeiro mês após o edital, os titulares podem contestar diretamente com as instituições financeiras responsáveis pelos valores.
  2. Prazo judicial de seis meses
    Caso o resgate não seja feito no primeiro prazo, o interessado pode entrar com uma ação judicial para requerer o direito ao dinheiro. Esse período de seis meses começa a contar após o término do prazo inicial de 30 dias.

Esses prazos adicionais são importantes para garantir que ninguém perca o acesso ao dinheiro por desinformação ou problemas técnicos no sistema.

Quem pode sacar o dinheiro esquecido?

O resgate do dinheiro esquecido é permitido para diferentes categorias de titulares:

1. Pessoas físicas

Qualquer cidadão com CPF ativo pode consultar e resgatar valores vinculados ao seu nome, desde que os recursos estejam registrados no sistema.

2. Empresas (pessoas jurídicas)

Mesmo empresas encerradas podem ter valores esquecidos em contas antigas, consórcios ou outras operações financeiras.

O responsável legal pela empresa deve fazer a solicitação.

3. Representantes de pessoas falecidas

Os herdeiros ou representantes legais de pessoas falecidas podem consultar e solicitar os valores deixados pelo titular.

Para isso, é necessário apresentar documentos que comprovem o vínculo e a autorização para representar o falecido.

O que é o Sistema de Valores a Receber?

O Sistema de Valores a Receber (SVR) foi criado pelo Banco Central para centralizar informações sobre valores esquecidos e facilitar o acesso dos titulares aos recursos.

O que pode ser consultado no SVR?

No sistema, é possível identificar diferentes tipos de valores esquecidos, como:

  • Saldos de contas correntes ou poupanças encerradas.
  • Tarifas cobradas indevidamente.
  • Valores relacionados a consórcios, cooperativas e corretoras.
  • Recursos de pessoas físicas, jurídicas e até de falecidos.

Desde sua reabertura em 2023, o sistema já devolveu R$ 8 bilhões, com mais de R$ 8,5 bilhões ainda disponíveis para saque.

Dados sobre o dinheiro esquecido

O dinheiro esquecido é distribuído entre milhões de brasileiros, mas a maior parte dos valores é pequena.

Distribuição dos valores:

  • Até R$ 10: 63,21% dos beneficiários.
  • Entre R$ 10,01 e R$ 100: 25,05%.
  • Entre R$ 100,01 e R$ 1.000: 9,94%.
  • Acima de R$ 1.000: 1,80%.

Principais instituições com valores esquecidos:

  1. Bancos: R$ 4,99 bilhões.
  2. Administradoras de consórcios: R$ 2,38 bilhões.
  3. Cooperativas: R$ 808 milhões.
  4. Instituições de pagamento: R$ 264 milhões.
  5. Financeiras: R$ 129 milhões.

Por que tantos valores não são resgatados?

Apesar da facilidade de consulta e resgate pelo Sistema de Valores a Receber (SVR), muitos valores permanecem esquecidos por milhões de brasileiros.

Segundo o Banco Central, boa parte dos recursos disponíveis ainda não foi requisitada. Isso se deve a diversos fatores, que vão desde a falta de conhecimento sobre o sistema até dificuldades técnicas e valores pequenos que não chamam a atenção dos titulares.

1. Falta de conhecimento sobre o sistema

Um dos principais motivos para tantos valores não serem resgatados é a desinformação.

Muitas pessoas desconhecem a existência do Sistema de Valores a Receber, administrado pelo Banco Central, ou não sabem que têm direito a valores esquecidos.

Muitos não se lembram de contas bancárias antigas, cartões de crédito cancelados ou operações financeiras realizadas no passado.

Além disso, o acesso à informação sobre o SVR nem sempre é amplamente divulgado ou chega a todas as regiões do país.

2. Valores pequenos e desinteresse dos beneficiários

Uma parcela significativa dos beneficiários possui valores pequenos a receber.

Conforme os dados do Banco Central:

  • 63,21% das pessoas têm até R$ 10 esquecidos.
  • 25,05% possuem entre R$ 10,01 e R$ 100.

Quando os valores são baixos, muitos acreditam que não vale a pena o esforço de acessar o sistema e solicitar o resgate.

Esse comportamento leva a uma acumulação de pequenas quantias não requisitadas.

3. Dificuldades técnicas no acesso ao sistema

Embora o SVR seja uma ferramenta acessível e gratuita, algumas pessoas enfrentam barreiras tecnológicas para utilizá-lo.

  • Falta de acesso à internet: Em áreas remotas ou para pessoas sem familiaridade com tecnologia, o acesso ao site pode ser complicado.
  • Problemas com a conta gov.br: A exigência de uma conta gov.br no nível prata ou ouro pode ser um obstáculo. Muitos usuários não sabem como atualizar seu nível de segurança ou têm dificuldades em completar o cadastro.

Esses desafios acabam desestimulando o resgate, mesmo para quem tem valores expressivos a receber.

4. Esquecimento e desorganização financeira

Outro motivo comum é o simples esquecimento.

Muitas pessoas deixam de acompanhar suas finanças ao longo dos anos, perdem documentos importantes ou não sabem que ainda possuem contas antigas com saldos.

Em casos de empresas encerradas ou pessoas falecidas, os herdeiros ou responsáveis legais podem enfrentar dificuldades para localizar informações sobre contas ou valores, especialmente se não houver registros organizados.

5. Falta de tempo ou prioridade

Para alguns, o processo de consultar e resgatar valores é considerado trabalhoso, mesmo que seja simples.

Pessoas que possuem uma rotina cheia podem não priorizar o resgate, especialmente se acreditarem que os valores disponíveis são baixos.

6. Desconfiança no sistema

Por ser uma ferramenta digital relativamente nova, algumas pessoas ainda demonstram desconfiança sobre a segurança do Sistema de Valores a Receber.

Boatos e golpes relacionados ao SVR também podem afastar os beneficiários, que temem acessar informações em links ou sites falsos.

Como evitar perder os prazos?

Para garantir que você não perca o direito ao resgate do dinheiro esquecido, siga estas dicas:

  1. Monitore o site do SVR:
    Acesse regularmente o sistema para verificar novos valores vinculados ao seu CPF.
  2. Atualize sua conta gov.br:
    Certifique-se de que sua conta tenha nível prata ou ouro para facilitar o acesso ao sistema.
  3. Organize suas finanças:
    Mantenha registros de contas antigas, cartões de crédito e operações financeiras que possam gerar valores a receber.
  4. Fique atento aos prazos:
    Acompanhe as publicações do Ministério da Fazenda e do Banco Central sobre editais e períodos de resgate.

Os prazos para resgatar dinheiro esquecido são uma oportunidade importante para recuperar valores que pertencem a você.

Com a ampliação de seis meses adicionais, o governo oferece mais tempo para que pessoas físicas e jurídicas acessem os recursos.

Utilize o Sistema de Valores a Receber, organize seus documentos e acompanhe os editais para garantir o resgate.

Não deixe valores importantes serem incorporados ao Tesouro Nacional. Aproveite para revisar suas finanças e manter o controle sobre seu patrimônio.